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Em 2014 os TUB receberam a missão de se reorganizarem para deixarem de ser a empresa de autocarros de Braga e passarem a ser a empresa de mobilidade de Braga. Durante os primeiros quatro anos deu-se uma profunda reestruturação interna, invisível para muitos, mas reconhecida por todos os que estavam por dentro. Com a prata da casa, os TUB reergueram-se e começaram a planear acolher mais competências.

Para acolher todas as competências da mobilidade, os TUB iriam transformar a sua sede administrativa e o seu PMO – Parque de Material e Oficinas. Com essa visão, em 2017 foi concluído o estudo prévio do Centro de Operações de Mobilidade. 

O centro de Operações de Mobilidade apresentava-se como centro nevrálgico de toda a mobilidade da cidade. O objetivo era concentrar todos os serviços de mobilidade para se poder dar uma resposta mais eficiente e eficaz às necessidades da cidade.

No mesmo edifício sede dos TUB funcionaria também o Quartel da Polícia Municipal, passando assim os Agentes das duas entidades a poderem trabalhar com maior proximidade no que dizia respeito à gestão do estacionamento, uma vez que estava a ser trabalhada a integração dessa competência nos TUB desde 2014. Funcionaria também a gestão dos semáforos, de todos os sensores, de radares, de sistemas de veículos partilhados, dos lugares privativos, a gestão de acessos a zonas sem carros e a gestão dos parques de estacionamento municipais, como o da Cangosta da Palha.

Nesse mesmo edifício haveria um parque de estacionamento para os veículos removidos pelos reboques dos TUB e da Polícia Municipal

Para essa reorganização, para além do espaço físico, começou um processo de mudança dos estatutos e da missão, visão e valores dos TUB. A mudança dos estatutos implicou envolver a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária e estudar os estatutos de outras empresas de mobilidade do país. Estatutariamente os TUB passaram a poder assumir todas estas competências.

A Quinta dos Falcões ia entrar em obras em 2018 para se transformar no Centro de Operações da Mobilidade a funcionar na sua plenitude em 2022. Mudaram a liderança dos TUB e passaram-se oito anos. A nova liderança apenas conseguiu inaugurar duas bombas e uma zona de lavagem.

Em 2019, teve início a face visível da gestão do estacionamento de superfície. Tive responsabilidade em toda a estruturação do departamento, dos processos e de uma organização da sinalização vertical e horizontal. Quisemos arrancar no estado da arte. Preparamo-nos para ser melhor que a EMEL, esse foi o objetivo traçado, ser a referência nacional. Estranhamente, as competências assumidas em 2019 nesta matéria não estão a ser postas em prática na plenitude. Até aos dias de hoje os TUB emitiram zero contraordenações por estacionamento proibido. A delegação de competências é clara, não só podem, como têm o dever de o fazer. 

A delegação de competências e as alterações estatutárias foram aprovadas quer pelo Executivo Municipal quer pela Assembleia Municipal. Porquê que não estão a ser cumpridas?

Ao nível da atuação da Polícia Municipal temos várias situações, que apenas existem devido às poucas condições proporcionadas pelo Executivo Municipal a esta força.

Os veículos que são removidos pela Polícia Municipal são depositados no parque subterrâneo privado do Campo da Vinha. O Município de Braga paga uma avença para isso. A Polícia Municipal continua num edifício com poucas condições e que não oferece dignidade a esta força. Os poucos veículos que possuem estão estacionados ora na rua, ora no parque onde pagam avença para o depósito de veículos.

Dos dois reboques existentes, só um funciona, e não chega para todas as solicitações diárias.

Reconheço que a Polícia Municipal faz um trabalho hercúleo e de louvar, mas conseguem imaginar o trabalho e a organização da cidade que podíamos ter se a Polícia Municipal tivesse condições e se estivéssemos agora a trabalhar em inovar e ser referência a nível nacional?

Ao nível dos modos ativos, os TUB estudaram e prepararam-se para instalar um sistema público de bicicletas partilhadas com 72 estações e 1200 bicicletas, tal como está previsto no PDM desde 2014. Também este projeto não foi concretizado.

Conseguem imaginar um Centro de Operações da Mobilidade, onde todos os serviços eram coordenados, organizados, com o objetivo de ser eficiente e eficaz, ao serviço da população?

Podíamos estar há 6 anos com uma empresa de mobilidade forte, pois não há nenhuma organizada com a lógica de integração dos serviços de mobilidade.

Há quem prefira dividir os serviços para reinar o caos nas localidades. Em Braga preferiram parar.

Os TUB podem ser os gestores da mobilidade de Braga, assim haja liderança, vontade política e capacidade de execução.

A mobilidade induz-se.