Em 2021, quando Fernando Medina perdia as eleições para Carlos Moedas, muita gente em Braga dizia que o motivo eram as ciclovias. Muitos usavam esse argumento para não apostar na mobilidade em bicicleta em Braga.

Em 2024, na semana antes de se comemorar o Dia Mundial da Bicicleta (3 de Junho), e o Dia Mundial do Ambiente (5 de Junho), Carlos Moedas tornou público e disponível a auditoria à rede ciclável, feito pela Copenhagenize, e um plano para a bicicleta na capital!

A auditoria aponta várias falhas e várias conexões necessárias para fechar a rede, mais do que as que vão ser executadas no imediato! Diz ainda a auditoria que a ciclovia ao longo da Avenida Almirante Reis é estruturante e estratégica, sendo que a mesma Avenida precisa de ser revista, sem nunca perder a ligação em ciclovia!

Pegando na Auditoria, a Câmara Municipal de Lisboa elaborou um plano, com orçamento, com metas e com cronograma.

Este plano prevê que o Município de Lisboa execute 90 km de ciclovias nos próximos 18 meses, ficando essas obras ao encargo da EMEL! A Visão do plano é tornar a cidade uma das referências mundiais no que à mobilidade ativa diz respeito nos próximos 5 a 10 anos!

Em conjunto com a infraestrutura, o sistema público de bicicletas partilhado, operado pela EMEL, vai aumentar para 1900 bicicletas e 193 estações!

Em Braga, o PDM – Plano Diretor Municipal prevê desde 2015 uma rede de 76 km de vias cicláveis. Ricardo Rio disse publicamente que eram 80 km. Os responsáveis políticos e as equipas técnicas têm dito publicamente que há intenção de ter ciclovias paralelas ao BRT, nas principais Avenidas de Braga, tal como acontece, por exemplo, em Nantes.

Em Braga, o PDM prevê, também desde 2015, a instalação de um sistema público de bicicletas partilhadas com 76 estações e 1000 bicicletas. Havia um sistema privado que deixou de operar, e para além de caro, as bicicletas e as suas localizações deixavam muito a desejar. Há uma petição que insta o Município a colocar nas mãos dos TUB iniciarem com esta nova operação e novo ramo de negócio, tal como a EMEL já o faz.

Vai o Município de Braga fazer cumprir o que está previsto no PDM? Vai, para isso, gizar um plano de ação, definindo metas, orçamento e cronograma?

Hoje em dia em Braga tudo o que temos é um conjunto de intenções e de muito informalismo. Formalizar, organizar, planear, fazem parte de processos eficientes e eficazes. Sabemos que, hoje em dia, há muita falta de eficiência, organização e capacidade de resposta no Município, e isso urge mudar, para bem da cidade.

Pouco ou nada está vertido num Plano de Mobilidade, num Walking and Cycling Master Plan, num PMUS – Plano de Mobilidade Urbana Sustentável. Braga apenas tem um Estudo de Tráfego que foi rebaptizado de PMUS, mas que não tem cronograma nem orçamento.

Qual é, afinal, o objetivo até ao final do mandato, daqui a 15 meses? Quais são as prioridades? Quais os critérios? Quem executará a obra? Vamos ter bikesharing e rede ciclável fechada? Quantos km de rede ciclável?

Não se pode esperar que os patos apareçam se não construirmos lagos no meio de um parque verde, como não podemos esperar que as pessoas usem a bicicleta, com as condições viárias que temos hoje.

A infraestrutura é condição necessária para que as pessoas possam passar a equacionar mudar de hábitos. A infraestrutura tem de ser bem construída. Isto está provado, demonstrado e é uma realidade até para Portugal. 

Lisboa já se apercebeu da necessidade de uma boa infraestrutura. Quanto tempo mais vai demorar Braga a aperceber-se dessa necessidade? 

A infraestrutura, depois de construída e ligada, pode não ser suficiente. Para depois promover o uso da infraestrutura segura, introduzem-se outras medidas, como sejam os comboios de bicicletas ou os sistemas de partilha de bicicletas. 

Certo é que se começa, sempre, pela infraestrutura. Bom Dia Mundial da Bicicleta. 

A mobilidade induz-se.