Agora que fui eleito Vereador da Câmara Municipal de Braga, independentemente de ter ou não ter pelouros, de estar ou não estar a tempo inteiro, não deixarei de ser uma voz ativa na defesa de uma mobilidade mais eficiente e eficaz em Braga. Independentemente das escolhas do Presidente eleito, o concelho de Braga precisa de intervenções, precisa de uma reorganização funcional na mobilidade, precisa de ação.
A política de mobilidade para as deslocações interurbanas é importante: Braga precisa de estar ligada aos concelhos vizinhos e de ter um ponto central ou tangencial para essas ligações. Neste assunto defendemos sempre a ferrovia como motor da ligação aos concelhos vizinhos, com uma estação em Ferreiros ou em Maximinos. Nunca em Semelhe, longe de tudo e de todas as ligações.
As ligações interurbanas têm de “casar” com a estação de TGV. Tem tudo de ficar no mesmo sítio, com possibilidade de trocarmos do Comboio Urbano do Porto, para um comboio Urbano do Minho ou para um TGV a uma distância a pé. Querer a Estação em Semelhe, mesmo com todos os especialistas a dizerem ser um erro, mesmo com decisões políticas semelhantes, de outros países, que se mostraram erradas, ainda há quem insista. A localização da estação em Semelhe é hoje vendida como foi vendida a deslocação do Estádio de Aveiro ou o do Algarve. Hoje sabemos que a escolha dessas localizações foi um erro.
A política para ligar os parques industriais ao Nó das Auto-Estradas é necessária, mas aquilo que chamam “circular externa de Braga” pode perfeitamente ser uma Grande Avenida. Isto porque é necessário planear as urbanizações que começam a nascer a Norte. Não queremos ter, daqui a uns anos, mais um problema para resolver por más políticas do passado. Faça-se a ligação em forma de Avenida, planeando já o futuro e garantindo assim acessos diretos para os pesados de mercadorias e para os transportes públicos. Optar por uma opção como a VCI – Via de Cintura Interna do Porto é optar por discutir o problema do congestionamento daqui a 10 ou 20 anos. O financiamento desta obra não tem de estar obrigatoriamente agarrado à estação do TGV. São coisas completamente distintas.
A política da mobilidade urbana terá de contemplar transportes públicos em sítio próprio, uma rede ciclável, uma rede pedonal cuidada e acessível e uma gestão eficiente e eficaz do estacionamento de Braga. Não podemos continuar a ter uma média de um atropelamento a cada três dias, devíamos ter zero atropelamentos.
Não podemos continuar a ter a Avenida Padre Júlio Fragata como top 1 da sinistralidade urbana, sabendo que a velocidade é o principal fator dessa sinistralidade. É preciso agir por questões de segurança, mas também de qualidade de vida.
A pouco consensual obra adjudicada em plena campanha eleitoral, da Linha Vermelha do BRT, não resolve os problemas da mobilidade. Esta obra, a acontecer, deverá desde já considerar uma evolução da tecnologia para um futuro a curto prazo. Continuo expectante para perceber que milagre vão operar para conseguir fazer uma obra para ter um canal próprio de 7 km, em meia dúzia de meses, mesmo que seja só em 80% do percurso, ou seja, excepto nos cruzamentos, que é onde os transportes têm de ser competitivos.
Os diagnósticos estão todos feitos, os números são conhecidos, o grande desafio são as deslocações urbanas. Tenho-o defendido nos últimos 10 anos, e com o conhecimento de mais dados e mais informação, mais o defendo: Temos de trabalhar como primeira prioridade as soluções para as deslocações urbanas, é aí que está a chave para desbloquear a mobilidade de Braga, seguindo-se as interurbanas e só depois as de atravessamento. Por esta ordem.
Para isto tudo funcionar, é preciso que as organizações saibam quais as suas competências e as suas funções, e para isso é preciso clarificar algumas funções, mudar outras e estruturar melhor as instituições, para lhes dar as ferramentas que as tornem eficazes e eficientes.
Sabemos os caminhos a percorrer e as soluções que efetivamente funcionam e que foram vertidas no programa eleitoral do Grupo de Cidadãos Eleitores “Amar e Servir Braga”.
Agora é esperar para ver qual é a política de mobilidade que Braga quer ter. Uma coisa é certa, a mobilidade induz-se.
