O PFN – Plano Ferroviário Nacional constitui uma visão política para o país, sendo que neste momento se aguarda que o governo conclua a sua aprovação e concretize os seus objetivos. Após a discussão pública, o PFN tem um amplo consenso na Assembleia da República.
O país tem Planos Rodoviários Nacionais há décadas, que permitiram a construção de todas as estradas que conhecemos, mas não conhece um Plano Ferroviário Nacional. Neste Plano constam, não só a Alta Velocidade, mas também as ligações convencionais em ferrovia.
Ter um Plano Ferroviário Nacional é uma Lei importante, pois no mesmo constam as várias intervenções necessárias, que depois são priorizadas.
Investir na rede convencional não é dispersar atenções da alta velocidade, é sim ter visão para dar resposta às deslocações das pessoas e mercadorias.
Em quê que o PFN impacta Braga?
Ao nível da Alta Velocidade, a IP – Infraestruturas de Portugal adjudicou, em abril de 2024, o estudo para atualizar o troço Braga-Valença da Linha de Alta Velocidade.
Este estudo prevê a alteração da localização da estação de Braga, compatibilizando a Estação da Linha de Alta Velocidade com a já existente Linha Braga-Porto. Há uma forte probabilidade da solução passar por Ferreiros, garantindo a ligação o mais próximo possível à cidade.
O estudo para Braga tem de estar pronto em 600 dias, para depois se iniciar o processo de empreitada. Enquanto a Alta Velocidade avança, é preciso garantir a sua integração com as outras linhas ferroviárias.
Em Gaia está a ser criada uma nova centralidade em Santo Ovídio, onde a Linha de Alta Velocidade Ferroviária passará em túnel e terá uma estação a 60 metros de profundidade. Ali é possível efetuar todos os transbordos necessários, sendo que se está em plena cidade de Gaia.
O Porto escolheu Campanhã para receber a Alta Velocidade, numa obra de grande envergadura e complexidade, garantindo assim a relação com a ferrovia convencional, a proximidade ao metro, aos taxis, à bicicleta, aos autocarros e a facilidade de se chegar a pé desde a cidade até à estação.
O PFN contempla as ligações de Braga a Guimarães, Vila Verde e Barcelos. Estamos a falar em dar acesso à ferrovia e permitir deslocações entre estes concelhos a meio milhão de pessoas.
A ligação entre estas cidades é estratégica e carece de mais empenhamento político! A ligação Braga – Guimarães em BRT está ferida na asa, uma vez que estaria desligada da rede ferroviária já consensualizada no PFN.
Uma ligação ferroviária direta Guimarães-Braga, estendida até Vila Verde, Barcelos e Esposende, é absolutamente estratégico e permite criar rede.
Braga é o centro de uma região. Ser o centro ferroviário dessa região é fundamental para manter a atratividade e centralidade. O centro desta estrela ferroviária do Minho permite o transbordo direto para a Alta Velocidade, mas também ligações ferroviárias aos concelhos vizinhos.
Desta forma promove-se a coesão social e territorial, o acesso aos serviços que a cidade oferece, e aumenta o raio de residência da população que aqui trabalha, proporcionando transportes de qualidade para as deslocações quotidianas.
Garantir a intermodalidade das linhas férreas e a sua articulação com a rede rodoviária não é dispersar atenções, é não ser inepto.
Podemos construir uma estrada a ligar Prado à saída das Auto-Estradas em Ferreiros, mas essa não deve ser a prioridade. As ligações em transportes públicos são a única forma de desatar nós complexos, como o de Infias.
O Município de Guimarães já afirmou publicamente que a opção é a ferrovia para ligar a Braga. O Município de Vila Verde também. O Município de Barcelos reivindicou uma ligação ferroviária direta a Braga e que se prolongue até ao litoral em Esposende.
Só o Município de Braga, por falta de uma visão, não tem empenho político para criar sinergias com os concelhos limítrofes nesta questão fundamental para o desenvolvimento social e coesão territorial.
Com o argumento de não querer dispersar a atenção da Alta Velocidade, o Município de Braga constitui um obstáculo ao desenvolvimento regional.
Numa cidade e região com qualidade, uma pessoa deve ter a possibilidade de viver sem possuir carro e não ser privada de fazer deslocações.
A mobilidade induz-se.